sexta-feira, 31 de julho de 2009

Introdução

INTRODUÇÃO

Em matéria religiosa, se costuma dar o nome de concílio a uma reunião formal de bispos ou supervisores e outros altos dignitários de diversas igrejas cristãs com o fim de tratar, decidir e legislar sobre questões relacionadas com a disciplina eclesiástica e dirimir controvérsias doutrinais; ainda que tenham sido muitos nos quais se tem debatido temas políticos e de interesses seculares. É ecumênico quando participam os bispos de todo o mundo habitado (oikumene), constituindo assim uma assembléia com extensão e autoridade maior que as de qualquer dirigente eclesiástico particular; de maneira que a máxima autoridade da Igreja residia nos concílios ecumênicos, parlamento de todos os bispos da cristandade. De acordo com a opinião de muitos teólogos, das organizações eclesiásticas históricas da cristandade depois do Cisma do Oriente, não tem acontecido mais concílios autenticamente ecumênicos, e que o último foi o Concílio de Nicéia II, no ano 787, pois os seguintes foram convocados pelo sistema católico romano, e somente Roma os tem por ecumênicos, sem a assistência de outros ramos da cristandade; e além disso porque os concílios terminaram por converterem-se em dóceis instrumentos da política papal romana. De maneira que a partir do primeiro concílio de Latrão, os concílios perderam sua ecumenicidade devido a que se converteram em meros sínodos de bispos do sistema papal romano, nos quais a norma absoluta é a suprema autoridade do papa e sua cúria romana. Depois de protocolizados os cismas, não se pode falar de concílios ecumênicos de toda a cristandade, senão de uma das instituições, a qual se limita a defender seus próprios interesses e pontos de vista.Paradoxicamente, os primeiros oito concílios, os tidos por legítimos ecumênicos, todos foram convocados pelo imperador, e uma vez aprovados os temas deliberados e convertidos em cânones, passavam a ser decretos de lei imperial, de cumprimento obrigatório em todo o Império. No curso do desenvolvimento destas notas, é sumariamente importante ter em conta a quê nos referimos quando usamos a palavra igreja. Durante a convocação e desenvolvimento dos primeiros concílios: Nicéia, Constantinopla, Éfeso, Calcedônia-, ainda havia uma clara distinção entre a Igreja Universal de Cristo e as igrejas locais; e as igrejas se reuniam em um plano de plena igualdade. Nesse tempo o católico tinha a conotação de "universal", e para nada se relacionava com o romano, pois o bispo de Roma não havia adotado para si a supremacia posterior. Com o tempo a Igreja do Senhor foi sofrendo um processo de institucionalização à margem da Bíblia, e já a partir do quinto concílio -Constantinopla II- começa a dar seus primeiros passos a diferenciação ou distanciamento entre o que poderíamos chamar a Igreja como instituição e a Igreja como Corpo de Cristo. Uma coisa é a Igreja de Cristo, Seu Corpo, e outra mui diferente são as carapaças ou instituições de fatura humana.É inquestionável que nos concílios se tem definido controvérsias relacionadas com o próprio Deus, com a Trindade, com Cristo, com o Espírito Santo, com a salvação, mas também tem agravado as divisões, e tem contribuído pra produzir novas fendas. Com claras exceções, No geral os concílios "ecumênicos" têm sido cenário de amarguras, recriminações e inimizades, pela prática de enfrentamentos entre adversários irreconciliáveis, que não tem servido senão para aprofundar as dissensões, as quais foram motivadas muitas vezes pelos próprios concílios. Nicolau Berdiaev disse que «poucas coisas expressam mais eloqüentemente a mesquinhez humana, a deslealdade e a fraude como a história dos concílios ecumênicos»1.A história tem se encarregado de confirmar que muitos dos concílios ecumênicos, têm errado em pontos cruciais referentes à Igreja, pois deve-se ter presente que a normatividade emana das Escrituras, que é a que nos devemos remeter a fim de examinar e provar tudo o que os concílios têm deliberado. Nenhum cânon conciliar pode anular o que diz Deus em Sua Palavra. Se deram ou não, os homens, conta do que Ela diz; o certo é que a constante através dos séculos foi que os concílios iam demonstrando sua incapacidade para purificar um corrupto sistema religioso e efetuar drásticas reformas, voltando para ele às fontes bíblicas, pois quase sempre seus membros se achavam demasiadamente comprometidos nos abusos contra o que as mesmas nações seculares se queixavam. Não é fácil remover as estruturas e adiantar mudanças fundamentais, quando se compromete uma instituição secularizada e a comodidade de pessoas postas em eminência, ambiciosas de luxo ostentoso, poder e prestígio, contrários ao espírito do evangelho cristão, em um marco institucional que chegou a seu nadir praticamente descristianizando o cristianismo.

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